CARTA Nº 46

Setembro de 1914

A GUERRA MUNDIAL E A MORTALIDADE INFANTIL

 

Até este momento, esquivei-me de comentar os acontecimentos atuais, mas sinto que a presente crise cósmica pede algo que possa guiar os estudantes a respeito desta calamidade. O efeito desta inaudita chacina de seres humanos tem conseqüências muito mais amplas do que parece, sob o ponto de vista físico.

Em primeiro lugar, naturalmente, este ponto de vista afeta a todos nós. Associamo-nos à dor que domina milhares de lares, de onde um pai, um filho ou um marido foram cruelmente arrebatados. Mas a dor e a tristeza que encontramos no mundo físico, tornam-se insignificantes quando comparadas ao que acontece nos reinos invisíveis da natureza. Os milhares e milhares de vítimas desta guerra cruel estão despertando do estupor da morte, causada pela repentina transição ao passarem do Mundo Físico ao Mundo do Desejo. Trazem consigo as cenas dos campos de batalha; muitos deles estão aturdidos e vagueiam desamparados. Não podem compreender o que lhes sucedeu. Outros começam a perceber que passaram de um plano de existência para outro e sentem a dor por aqueles que deixaram para trás. Neste momento, existe no mundo um estado indescritível e inimaginável de tristeza e dor, tanto mental como físico.

Com efeito, desde que o mundo existe, nunca houve semelhante dor universal como a que experimentamos atualmente. Além disso, não devemos esquecer que estamos acumulando para nós sofrimentos futuros, pois, como já explicamos na literatura Rosacruz, é impossível a essas pessoas, que foram arrancadas tão violenta e rapidamente dos seus corpos densos, rever suas vidas passadas e, como conseqüência, a gravação do panorama da vida não se processará corretamente. Portanto, esses Egos não colherão o fruto de suas presentes existências no purgatório e no Primeiro Céu como deveria acontecer. Futuramente, eles voltarão despojados dessa experiência e será necessário, com o fim de poderem ganhar o que agora perderam, morrer na infância, para que se imprima em seus novos corpos de desejo e vital, a essência de suas vidas presentes.

Em algum dia futuro, iremos enfrentar uma epidemia ou algo dessa natureza, que arrastará seus contemporâneos, lamentaremos tal perda. Oh, se fosse entendida esta lei da mortalidade infantil! Então, não teríamos necessidade de rogar tanto pela paz como agora o fazemos. Que todos os membros da Fraternidade Rosacruz orem pela manhã, à tarde e a noite pelo restabelecimento da paz no mundo, no mais curto prazo de tempo possível. Compreendamos muito bem a responsabilidade que nos advém do conhecimento, vivamos à altura dele, esforçando-nos, diariamente, por cumprir o nosso dever. Este conhecimento deve ser divulgado onde quer que se apresente uma oportunidade, mas sem impô-lo a ninguém. Se o mundo conhecesse e acreditasse nas Leis do Renascimento e de Conseqüência, se compreendesse a lei da mortalidade infantil, esta guerra desumana nunca teria acontecido. Quanto mais nos esforçarmos por divulgar estes ensinamentos, mais estaremos contribuindo para estabelecer a paz e a boa vontade entre os homens. Assim, melhor serviremos a humanidade. Peço que sejam particularmente fervorosos e se concentrem com toda a devoção sobre o Serviço e Auxílio de Cura nos dias determinados para esse serviço amoroso e desinteressado. Precisamos de todo o auxílio que nos possam dar.

 

 

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