CARTA Nº 41

Abril de 1914

O MÉTODO PARA DISTINGUIR O AUTÊNTICO DA IMITAÇÃO

 

Na carta do mês de Fevereiro tratamos da seguinte questão: "Onde devemos procurar a verdade e como a conheceremos?"

No entanto, devemos saber que nenhuma utilidade decorrerá em procurar a verdade e conhecê-la, a menos que a ponhamos em prática nas nossas vidas, pois não se justifica que nos esforcemos tanto só para encontrá-la. Há muitas pessoas que percorrem o mundo civilizado à procura de tesouros raros, de antiguidades, quer sejam quadros ou moedas. Há muitas que fabricam imitações de peças autênticas, e aquelas que estão à procura de coisas antigas correm o risco de serem burladas por hábeis trapaceiros, a menos que tenham possibilidade de distinguir o legítimo do falso.

Assim, compreendemos que quem procura a verdade está ameaçado do mesmo perigo, porque há muitos pseudo-entendidos, muitas falsificações perfeitas que podem confundir-nos. O colecionador, freqüentemente, guarda o seu tesouro num quarto fechado e, em solidão, deleita-se na sua contemplação. No entanto, depois de muitos anos ou talvez depois de morto, descobre que algumas das coisas que guardava com tanto ciúme e zelo eram meras imitações sem nenhum valor. Do mesmo modo, alguém que acredite ter encontrado a verdade, pode "ocultar seu tesouro" em seu próprio coração, ou "enterrar sua luz" para compreender, talvez muitos anos depois, que foi enganado por uma imitação. Assim, há necessidade de uma prova final, uma prova que elimine toda a possibilidade de decepção, e a questão é como descobri-la.

A resposta é tão simples como o método é eficiente. Quando perguntamos aos colecionadores como descobrem se um determinado artigo que apreciam é uma imitação ou não, geralmente respondem que mostram a peça à alguma pessoa que tenha visto o original. Podemos enganar todos os homens durante toda a vida, mas é impossível enganar a humanidade durante todo o tempo. Se o colecionador tivesse mostrado publicamente o seu achado em vez de ocultá-lo teria logo sabido, pelo conhecimento de outros, se essa peça era legítima ou não.

Agora medite nisto, pois é muito importante: Assim como sigilo dos colecionadores ajuda, incita e estimula a fraude dos negociantes, assim também o desejo de ter e possuir para si mesmo grandes segredos desconhecidos pela "plebe", encorajam aqueles que comercializam "iniciações ocultas" com cerimônias elaboradas para seduzir suas vítimas e receber dinheiro delas.

Como podemos provar o valor de um machado se não for pelo seu uso, testando o seu corte após ter desempenhado um trabalho realmente desgastante? Iríamos comprá-lo se o vendedor nos dissesse que o colocássemos num canto escuro, onde ninguém o pudesse ver e proibindo-nos de utilizá-lo? Certamente não! Gostaríamos de usá-lo em nosso trabalho e constatar a qualidade de sua "tempera". Se comprovássemos que era de "aço verdadeiro", iríamos apreciá-lo; caso contrário, diríamos ao vendedor que ficasse com sua ferramenta inútil.

Sob o mesmo princípio, qual é a razão de "comprar" as mercadorias de indivíduos que negociam com segredos? Se seus artigos fossem "aço verdadeiro", não haveria necessidade de tal segredo e, a menos que possamos utilizá-lo em nossas vidas diárias, não têm valor algum. Também não haverá valor no machado se não pudermos utilizá-lo, pois enferrujará e perderá o seu fio. Portanto, é dever daquele que encontra a verdade empregá-la no trabalho do mundo, tanto para salvaguardar-se, como para certificar-se de que esta verdade resistirá à grande prova, dando aos outros a oportunidade de compartilhar o tesouro que acha valioso para si próprio. É verdadeiramente importante que sigamos o mandato de Cristo: "Deixai a vossa luz brilhar."

 

 

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