CAPÍTULO III - O HOMEM E O MÉTODO DE EVOLUÇÃO

ATIVIDADES DA VIDA: MEMÓRIA E CRESCIMENTO ANÍMICO.

O estudo dos sete Mundos ou estados de matéria mostrou-nos que cada um deles serve a um propósito definido na economia da Natureza, e que Deus, o Grande Espírito em Quem na realidade e verdadeiramente "vivemos, nos movemos e temos o nosso ser" é o Poder que, com Sua Vida, compenetra e sustenta todo o Universo; mas ao mesmo tempo que essa Vida é imanente e flui em cada átomo dos seis Mundos inferiores e em tudo quanto neles existe, no Sétimo Mundo - o mais elevado - unicamente o Deus Trino É.

O próximo mais elevado ou sexto reino é o Mundo dos Espíritos Virginais. Essas centelhas da "Flama" Divina têm aqui seu ser, antes de começarem a longa peregrinação dos cinco Mundos mais densos com o propósito de desenvolver suas potencialidades latentes em poderes dinâmicos. Como a semente, ao ser enterrada, desenvolve suas possibilidades ocultas assim também os espíritos virginais, quando tiverem passado através da matéria (a escola da experiência) converter-se-ão em "Flamas", capazes de criar universos por si próprios.

Os cinco Mundos constituem o campo da evolução humana, sendo os três inferiores, ou mais densos, o cenário da atual fase do seu desenvolvimento. Examinemos agora as relações do homem com esses cinco Mundos por meio dos seus veículos apropriados recordando que, para cada uma das duas grandes divisões em que dois desses Mundos estão divididos, o homem possui um veículo.

DIAGRAMA - Constituição Sétupla do Homem

No estado de vigília esses veículos estão todos juntos. Interpenetram-se uns aos outros assim como o sangue, a linfa e outros sucos do corpo se interpenetram. Desse modo capacita-se o Ego a atuar no Mundo Físico.

Nós mesmos, como Egos, funcionamos diretamente na substância sutil da Região do Pensamento Abstrato, que especializamos dentro da periferia da nossa aura individual. Daí observamos, através dos sentidos, as impressões produzidas pelo mundo exterior sobre o Corpo Vital, como também os sentimentos e emoções gerados por elas no Corpo de Desejos e refletidos na mente.

Dessas imagens mentais formamos as nossas conclusões na substância da Região do Pensamento Abstrato relativas aos assuntos a que se referem. Tais conclusões são idéias. Pelo poder da vontade projetamo-las através da mente quando então, revestindo-se de matéria mental da Região do Pensamento Concreto, concretizam-se como pensamento-forma.

A mente é como as lentes projetoras de um estereoscópio. A imagem é projetada em uma das três direções de acordo com a vontade do pensador que anima o pensamento-forma.

1 - Pode projetar-se sobre o corpo de desejos a fim de despertar o sentimento que impele à ação imediata.

a) - Se o pensamento desperta Interesse, uma das forças gêmeas - Atração ou Repulsão - deverá atuar.

Se a Atração, a força centrípeta for a despertada, ela toma o pensamento, impele-o para o corpo de desejos, acrescenta vida à imagem e envolve-a em matéria de desejos. Então o pensamento está apto a atuar sobre o cérebro etérico impelindo através dos centros cerebrais apropriados e dos nervos, força vital aos músculos voluntários, os quais executarão a ação necessária. Deste modo se consome a força do pensamento, mas sua imagem fica impressa no éter do corpo vital como memória do ato e do sentimento que o causou.

b) - Repulsão é a força centrífuga. Se despertada pelo pensamento haverá uma luta entre a força espiritual (a vontade do homem) dentro do pensamento-forma, e o corpo de desejos. Essa a batalha entre a consciência e o desejo, entre a natureza superior e a inferior. Apesar da resistência, a força espiritual procurará envolver o pensamento-forma na matéria de desejos necessária para manipular o cérebro e os músculos. A força de Repulsão tentará dispersar essa matéria e expulsar o pensamento. Mas se a energia espiritual é forte, pode romper caminho através dos centros cerebrais e envolver o pensamento-forma em matéria de desejos enquanto põe em movimento a força vital, compelindo-a desse modo à ação. Então deixará na memória uma impressão bem vivida da batalha e da vitória. Se a energia espiritual se esgotar antes de produzir a ação, a força de Repulsão prevalecerá. Então será arquivada na memória, como todos os demais pensamentos-forma quando esgotam sua energia.

c) - Se o pensamento-forma depara com o deprimente sentimento de Indiferença, fica então na dependência de sua própria energia espiritual que tanto pode compeli-lo à ação como pode apenas deixar uma leve impressão sobre o éter refletor do corpo vital, após ter esgotado sua energia cinética.

2 - Quando as imagens mentais dos impactos externos não provocam uma ação imediata, podem projetar-se diretamente sobre o éter refletor, junto com os pensamentos por elas originados, para serem utilizadas no futuro. O Espírito, trabalhando através da mente, tem acesso instantâneo ao arquivo da memória consciente, podendo a todo momento ressuscitar qualquer das imagens que ali se encontrem, infundir-lhes nova força espiritual, e projetá-la no corpo de desejos para compelir à ação. Cada vez que tais imagens são assim usadas, mais força, eficiência e nitidez elas ganham e mais prontamente podem compelir à ação apropriada à natureza de cada uma, do que nas ocasiões anteriores, porque abrem, por assim dizer, sulcos no cérebro e produzem o fenômeno do pensamento, "conquistando-nos" ou "crescendo" em nos pela repetição.

3 - A terceira maneira de empregar o pensamento-forma é quando o pensador o projeta na direção de outra mente, para atuar como sugestão, proporcionar informações, etc., como na telepatia. Se dirigido sobre o corpo de desejos de outra pessoa pode forçá-la à ação, como é o caso do hipnotizador que influencia sua vitima à distância. Neste caso, o pensamento-forma atuará exatamente como se fosse o próprio pensamento da vítima. Se está de acordo com as tendências desta, atuará da maneira mencionada na alínea a do parágrafo l~. Se for contrário à sua natureza atuará do modo como foi descrito nas alíneas ~ ou

Quando o ato correspondente a tal pensamento-forma tenha-se realizado, ou esgotado sua energia em vás tentativas de realização, gravitará de volta ao seu criador, trazendo consigo a recordação indelével da jornada. Seu êxito ou fracasso imprimir-se-á nos átomos negativos do éter refletor do corpo vital, onde - por vezes denominada mente subconsciente - formará parte do registro da vida e atos do pensador.

Este registro é muito mais importante do que a memória a que temos acesso consciente - a chamada memória voluntária ou mente consciente - porque esta última deriva de imperfeitas e ilusórias percepções dos sentidos.

A memória involuntária ou mente subconsciente forma-se de outra maneira, estando atualmente fora de nosso controle. Do mesmo modo que o éter leva à sensível película da máquina fotográfica uma impressão da paisagem fidelíssima nos menores detalhes, sem ter em conta se o fotógrafo os observou ou não, assim - o éter contido no ar que aspiramos leva consigo uma imagem fiel e detalhada de tudo o que está em volta de nós. Não só das coisas materiais, mas também das condições existentes em nossa aura a cada momento. O mais fugaz sentimento, pensamento ou emoção é transmitido aos pulmões, de onde é injetado no sangue. O sangue é um dos produtos mais elevados do corpo vital, tanto por ser o condutor de alimento para todas as partes do corpo quanto por ser o veículo direto do Ego. As imagens nele contidas imprimem-se nos átomos negativos do corpo vital, para servirem como árbitros do destino do homem no estado post-mortem.

A memória (também chamada mente) tanto consciente quanto subconsciente, relaciona-se totalmente com as experiências desta vida. Consiste das impressões dos acontecimentos no corpo vital. Tais impressões podem ser modificadas ou até apagadas, conforme veremos na explanação relativa ao perdão dos pecados, algumas páginas adiante. Tais modificações ou erradicações dependem da eliminação dessas impressões do éter do corpo vital.

Há também a memória supra-consciente. Esta é o repositório de todas as faculdades e conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores, ainda que às vezes só latentes na presente vida. Este registro é indelevelmente gravado no Espírito de Vida. Comumente se manifesta, embora não em toda extensão, como consciência e caráter, que anima todos os pensamentos-forma, umas vezes como conselheiro e outras compelindo à ação com força irresistível, mesmo contrariando a razão e o desejo.

Em muitas mulheres - cujo Corpo Vital é positivo

- e em pessoas adiantadas de qualquer sexo, cujos corpos vitais foram sensibilizados por uma vida de pureza, santidade, oração e concentração, esta memória supra-consciente, inerente ao Espírito de Vida, prescinde eventualmente, da necessidade de envolver-se em substância mental e matéria de desejos para compelir à ação. Tal memória nem sempre necessita correr o risco de se ver submetida e talvez dominada pelo processo do raciocínio. As vezes, como intuição ou conhecimento interno, imprime-se diretamente sobre o éter refletor do corpo vital. Quanto mais dispostos estivermos a aprender a reconhecê-la e seguir sua orientação tanto mais freqüentemente ela falará, para nosso permanente benefício.

Por suas atividades durante as horas de vigília, o corpo de desejos e a mente estão constantemente destruindo o veículo denso. Cada pensamento, cada movimento, destroem tecidos. Por outro lado, o corpo vital dedica-se fielmente a restabelecer a harmonia e reconstruir aquilo que os outros veículos estão destruindo. Porém, nem sempre lhe é possível resistir completamente aos assaltos poderosos dos impulsos e pensamentos. Gradualmente perde terreno, e por fim chega a hora em que entra em colapso. Os seus "pontos", por assim dizer, encolhem-se. O fluido vital cessa de fluir ao longo dos nervos na quantidade necessária; o corpo torna-se pesado e o Pensador, coibido por esse peso, vê-se obrigado a abandoná-lo, levando consigo o corpo de desejos. Esta retirada dos veículos superiores deixa o corpo denso interpenetrado apenas pelo corpo vital, no estado de insensibilidade a que chamamos o sono.

O sono porém não é um estado inativo, como as pessoas geralmente supõem. Se assim fosse, pela manhã, ao despertar, não apresentariam nenhuma diferença da condição que tinha ao deitar-se à noite: sua fadiga seria a mesma. O sono, pelo contrário, é um período de intensa atividade e quanto mais intenso mais valioso porque elimina os venenos resultantes dos tecidos destruídos pelas atividades físicas e mentais do dia. Restaurados os tecidos, restabelece-se o ritmo do corpo. Quanto mais perfeito é este trabalho, maior o benefício resultante do sono.

O Mundo do Desejo é um oceano de sabedoria e de harmonia. O Ego leva a esse mundo a mente e o corpo de desejos, enquanto os veículos inferiores dormem. Ali, seu primeiro cuidado é a restauração do ritmo e harmonia da mente e do corpo de desejos. Esta restauração realiza-se gradualmente, na medida em que fluem através deles as vibrações harmoniosas do Mundo do Desejo. Há, no Mundo do Desejo uma essência correspondente ao fluido vital que, por meio do corpo Vital, compenetra o Corpo Denso. Os veículos superiores mergulham, por assim dizer, nesse elixir de vida. E, após se fortalecerem, começam a trabalhar sobre o Corpo Vital deixado com o Corpo Denso adormecido. Então o Corpo Vital começa novamente a especializar energia solar, reconstruindo o Corpo Denso, e empregando especialmente o éter químico nesse processo de restauração.

Esta atividade dos diferentes veículos durante o sono constitui a base da atividade do dia seguinte. Sem ela não haveria despertar, posto que o Ego viu-se obrigado a abandonar seus veículos, precisamente porque a debilidade os tornava inúteis. Se o trabalho de remoção dessa fadiga não tivesse sido feito, os corpos permaneceriam adormecidos como ás vezes acontece no transe natural. É devido a essa atividade harmonizadora e restauradora que o sono se constitui em algo muito melhor que médicos e remédios para preservar a saúde. O simples descanso nada é comparado com o sono. A suspensão total do desgaste e o fluxo de força restauradora só se verificam quando os veículos superiores estão no Mundo do Desejo. E certo que durante o descanso o corpo vital não encontra oposição ao seu trabalho pelo desgaste de tecidos causado pelo movimento e pela tensão muscular, mas ainda tem de lutar contra a energia devastadora do pensamento sem receber a força exterior restauradora do corpo de desejos, como sucede durante o sono.

Contudo, acontece às vezes que o corpo de desejos não se retira totalmente, ficando assim uma parte ligada ao corpo vital, o veículo da percepção sensorial da memória. Em conseqüência a restauração é parcial e as cenas e ações do Mundo do Desejo chegam à consciência física como sonhos. Naturalmente a maioria dos sonhos é confusa porque o eixo de percepção está torcido, e isto em virtude da relação imprópria entre um e outro corpo. A recordação fica também confusa em virtude dessa incongruente relação dos veículos e, como resultado do não aproveitamento da força restauradora, o sono cheio de sonhos é inquieto e o corpo sente-se cansado ao despertar.

Durante a vida o tríplice Espírito, o Ego, trabalha sobre e no corpo tríplice ao qual está ligado pelo elo da mente. Este trabalho traz à existência a tríplice alma. A alma é, pois, o produto espiritualizado do corpo.

Como o alimento apropriado nutre o corpo no sentido material, assim também a atividade do espírito no corpo denso, manifestada como reta ação, promove o crescimento da Alma Consciente. Como as forças solares atuam no corpo vital e o nutrem para que possa atuar no corpo denso, assim também a memória dos atos praticados no corpo denso - desejos, sentimentos e emoções do corpo de desejos e pensamentos e idéias na mente - produzem o crescimento da Alma Intelectual. Por forma semelhante, os desejos e emoções mais elevados do corpo de desejos formam a Alma Emocional.

A tríplice Alma, por sua vez, amplia a consciência do tríplice Espírito.

A Alma Emocional é o extrato do corpo de desejos. Ela aumenta a eficiência do Espírito Humano, que é a contra parte espiritual do Corpo de Desejos.

A Alma Intelectual amplia o poder do Espírito de Vida porque a Alma Intelectual é extraída do corpo vital, que é a contraparte material do Espírito de Vida.

A Alma Consciente aumenta a consciência do Espírito Divino, pois (a Alma Consciente) é o extrato do corpo denso, que por sua vez é a contraparte do Espírito Divino.

DIAGRAMA 5

MORTE E PURGATÓRIO

Assim, o homem constrói e semeia até que chegue a morte. Então o tempo da sementeira e os períodos de crescimento e amadurecimento ficaram para trás. É chegado o tempo da colheita, quando o esquelético espectro da Morte surge com sua foice e sua ampulheta. Este é um bom símbolo. O esqueleto simboliza a parte do corpo de relativa permanência; a foice representa o fato de que essa parte permanente a qual está prestes a ser colhida pelo espírito, é o fruto da vida que vai terminar; a ampulheta indica que a hora soará somente depois que todo o tempo da vida tenha decorrido, em harmonia com leis imutáveis. Quando chega esse momento os veículos se separam. Como a vida no Mundo Físico terminou, o homem não necessita mais do seu Corpo Denso. O Corpo Vital que, conforme já explicado, também pertence ao Mundo Físico, retira-se pela cabeça, deixando o Corpo Denso inanimado.

Os veículos superiores - Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente - podem ser vistos abandonando o corpo denso com um movimento em espiral, levando consigo a alma de um átomo denso. Não o átomo em si, mas as forças que através dele atuavam. O resultado das experiências vividas no corpo denso durante a existência que acaba de terminar ficou impresso nesse átomo particular. Enquanto todos os demais átomos do corpo denso se renovam periodicamente, esse átomo continua subsistindo. E permanece estável não somente através de uma vida, mas das de todos os corpos densos já usados por qualquer Ego em particular. Esse átomo é retirado após a morte e despertará somente na aurora de uma outra vida física para servir novamente como núcleo de mais um corpo denso, a ser usado pelo mesmo Ego, por isso é chamado "átomo-semente". Durante a vida o átomo-semente localiza-se no ventrículo esquerdo do coração, próximo do ápice. Ao ocorrer a morte sobe ao cérebro pelo nervo pneumogástrico, abandonando o corpo denso juntamente com os veículos superiores por entre as comissuras dos ossos parietal e occipital.

Quando os veículos superiores abandonam o corpo denso, permanecem ainda ligados a ele por meio de um cordão delgado, brilhante, prateado, muito semelhante à figura de dois seis invertidos, colocados um vertical e outro horizontalmente, ligados ambos pelas extremidades do gancho (veja-se o Diagrama 5-A).

Um extremo desse cordão prende-se ao coração por meio do átomo-semente. E a ruptura do átomo-semente que produz a paralisação do coração. O cordão só se rompe depois que todo o panorama da vida passada, contido no Corpo Vital, foi contemplado.

Todavia, deve-se ter muito cuidado em não cremar ou embalsamar o corpo antes de decorridos no mínimo três dias e meio após a morte, porque enquanto o Corpo Vital e os corpos superiores permanecerem unidos ao corpo por meio do cordão prateado, o homem, em certa medida sentirá qualquer exame post-mortem ou ferimento no corpo denso. A cremação deveria ser evitada nos três primeiros dias e meio depois da morte porque tende a desintegrar o corpo vital, que deve permanecer intacto até que se tenha impresso no corpo de desejos, o panorama da vida que passou.

O cordão prateado rompe-se no ponto de união dos dois seis, metade permanecendo com o corpo denso e a outra metade com os veículos superiores. A partir do momento que o cordão se rompe o corpo denso fica completamente morto.

Em princípios de 1906 o Dr. McDougall fez uma série de experiências no Hospital Geral de Massachusetts a fim de verificar se algo invisível abandonava o corpo por ocasião da morte. Com esse propósito construiu uma balança capaz de registrar até um décimo de onça.

A pessoa agonizante foi colocada com seu leito num dos estrados da balança, e no outro puseram pesos até o equilíbrio. Em todos os casos notou-se, que no momento preciso em que a pessoa agonizante exalava o último suspiro, o estrado contendo os pesos descia subitamente, elevando-se o leito e o corpo colocados no outro estrado. Demonstrava, pois, que alguma coisa invisível mas ponderável tinha abandonado o corpo. Os jornais logo anunciaram em letras de destaque, por todo o país, que o Dr. McDougall tinha "pesado a alma".

O ocultismo regozija-se pelas descobertas da ciência moderna, já que elas invariavelmente corroboram o que a ciência oculta há muito vem ensinando. As experiências do Dr. McDougall demonstraram conclusivamente que alguma coisa, invisível à visão comum, abandonava o corpo na ocasião da morte, como os clarividentes treinados têm visto e já havia sido revelado em conferências e livros muitos anos antes da descoberta do Dr. McDougall.

Mas essa "alguma coisa invisível não é a alma. Existe uma grande diferença. Os repórteres precipitaram-se ao tirar suas conclusões e ao afirmarem que os cientistas tinham "pesado a alma". A alma pertence aos remos superiores, e nunca pode ser pesada em balanças físicas, ainda que possam acusar variações da milionésima parte da um grama em vez de um décimo de onça.

O que os cientistas pesaram foi o Corpo Vital, que é formado por quatro éteres que pertencem ao Mundo Físico.

Como já vimos, há certa quantidade deste éter "sobreposta" ao éter que envolve as partículas do corpo humano, aí permanecendo durante a vida do corpo físico, o que aumenta ligeiramente o peso do corpo denso das plantas, dos animais e do homem. Pela morte, ele escapa. Daí a diminuição de peso observada pelo Dr. McDougall nas pessoas das suas experiências, quando expiravam.

O Dr. McDougall também experimentou pesar animais agonizantes. Mas nestes não notou qualquer diminuição de peso, embora um deles fosse um grande cão São Bernardo. Afirmou-se então que os animais não tinham alma. Pouco depois, porém, o professor La V. Twining, chefe do Departamento Científico da Escola Politécnica de Los Angeles, fez experiências com ratos e gatinhos, que encerrou em frascos de cristal hermeticamente fechados. Suas balanças eram as mais sensíveis que pôde encontrar, e foram colocadas dentro de uma grande caixa de vidro donde se extraiu toda a umidade. Observou-se então que todos os animais também perdiam peso quando morriam. Um rato que pesava 12,886 gramas perdeu subitamente 3,1 miligramas quando morreu.

Um gatinho usado em outra experiência perdeu 100 miligramas ao agonizar, e quando exalou seu último alento perdeu mais 60 miligramas. A seguir foi perdendo peso lentamente, devido â evaporação.

Deste modo os ensinamentos da Ciência Oculta relativos aos corpos vitais dos animais foram também comprovados quando se empregaram balanças suficientemente sensíveis. O caso mencionado - o das balanças que não acusaram qualquer diminuição de peso quando morreu o cão São Bernardo - deve-se ao fato de que o Corpo Vital dos animais é proporcionalmente mais leve que o do homem.

Quando o "cordão prateado" se desprende do coração e o homem se liberta do seu Corpo Denso, chega para o Ego o momento da mais alta importância. Nunca se repetirá suficientemente às pessoas da família de um agonizante, que é um grande crime contra a alma que parte, entregarem-se a lamentações e manifestações de sofrimento. Isso justamente porque naquele momento ele está entregue a um ato de suprema importância, já que o valor de sua vida passada depende, em grande parte, da atenção que a alma possa prestar a esse ato. Isto será melhor esclarecido quando descrevermos a vida do homem no Mundo do Desejo.

É também um crime contra o agonizante ministrar-lhe estimulantes, cujo efeito é o de forçar os veículos superiores a entrarem, abruptamente, no corpo denso produzindo no homem um choque enorme. A passagem para o além não é tortura. Mas arrastar a alma de volta ao corpo para que continue sofrendo, isto sim é tortura. Há casos de mortos que contaram aos investigadores o quanto sofreram agonizando durante horas por tal motivo, rogando às famílias que cessassem seu mal-entendido carinho e os deixassem morrer.

Quando o homem se liberta do Corpo Denso, que era o mais considerável empecilho ao seu poder espiritual (como as luvas grossas nas mãos do músico, do exemplo anterior), tal poder volta-lhe de novo até certo ponto, podendo então ler as imagens contidas no polo negativo do éter refletor do seu Corpo Vital, que é o assento da memória subconsciente.

Toda sua vida passada desfila nesse momento ante sua visão como um panorama, apresentando os acontecimentos em ordem inversa. Os incidentes do dia que precedeu a morte vêm em primeiro lugar, e assim seguem para trás através da velhice, idade viril, juventude, meninice e infância. Tudo é revisto.

O homem permanece como espectador ante esse panorama da vida passada. Vê as cenas conforme se sucedem e que vão-se imprimindo nos seus veículos superiores, mas nesse momento fica impassível ante elas. O sentimento está reservado para quando chegar a hora de entrar no Mundo do Desejo, que é o mundo do sentimento e da emoção. Por enquanto ele se encontra apenas na Região Etérica do Mundo Físico.

Este panorama perdura de algumas horas até vários dias, dependendo isso do tempo que o homem possa manter-se desperto, se necessário. Algumas pessoas podem manter-se assim somente doze horas, ou menos ainda; outras podem manter-se, segundo a ocasião, por certo número de dias. Mas enquanto o homem puder se manter desperto esse panorama prossegue.

Este aspecto da vida depois da morte é semelhante ao que acontece quando alguém se afoga ou cai de uma grande altura. Em tais casos o Corpo Vital também abandona o Corpo Denso. Então o homem vê a sua vida num relâmpago, pois em seguida perde a consciência. Naturalmente não há rompimento do "cordão prateado", porque se tal se desse não haveria ressurreição possível.

Quando a resistência do Corpo Vital alcança o seu limite máximo, entra em colapso na forma descrita no fenômeno do sono. Durante a vida física, quando o Ego controla os seus veículos, este colapso termina as horas de vigília. Depois da morte, o colapso do Corpo Vital encerra o panorama e força o homem a entrar no Mundo do Desejo. O cordão prateado rompe-se então no ponto onde se unem os "dois seis" (veja-se o Diagrama 5-A) efetuando-se a mesma divisão como durante o sono, porém com esta diferença importante: ainda que o Corpo Vital volte para o Corpo Denso, não mais o interpenetra. Simplesmente fica flutuando sobre a sepultura e desagregando-se sincronicamente com o veículo denso. Por isso o cemitério é um espetáculo repugnante para o clarividente desenvolvido. Bastaria que algumas pessoas a mais pudessem vê-lo, e não seria preciso maior argumentação para convencer a trocar o mau e anti-higiênico método de enterrar os mortos pelo método mais racional da cremação, que restitui os elementos à sua condição primordial sem que o cadáver alcance os desagradáveis aspectos inerentes ao processo da decomposição lenta.

Quando o espírito deixa o Corpo Vital, o processo é muito parecido ao que se verifica ao deixar o Corpo Denso. As forças vitais de um átomo são levadas para serem empregadas como núcleo do Corpo Vital na futura encarnação. Deste modo, ao entrar no Mundo do Desejo o homem leva os átomos-semente dos Corpos Vital e Denso, além do Corpo de Desejos e da Mente.

Se o moribundo pudesse deixar atrás todos os desejos, descartar-se-ia logo do seu Corpo de Desejos, ficando livre para entrar no Mundo Celeste. Mas geralmente tal não acontece. Muitas pessoas principalmente quando morrem no vigor da vida, têm muitos laços e muitos interesses na vida terrena. Como perder o Corpo Físico não altera os desejos, pelo contrário, muitas vezes os aumenta, sentem um desejo intensíssimo de voltar. Isso produz o seu efeito: sujeita-os mais ao Mundo do Desejo de modo muito desagradável, embora desafortunadamente não possam compreender. Por outro lado, as pessoas idosas, decrépitas e todos os que, debilitados por longa enfermidade estão cansados da vida, passam por ele rapidamente.

A seguinte ilustração permite compreender melhor o assunto: uma semente separa-se facilmente do fruto maduro porque a polpa não está aderente, enquanto numa fruta verde a semente apega-se com tenacidade à polpa. Assim é especialmente, difícil para as pessoas verem-se privadas de seu corpo por um acidente quando se encontram na plenitude de suas forças e saúde física; comprometidas de várias maneiras com as atividades da vida física; presas por laços à esposa, à família, aos parentes, aos amigos; realizando negócios e em busca de prazeres.

O suicida, que procurou fugir da vida, apenas descobre que está mais vivo do que nunca, e que se encontra na mais lastimável condição. E capaz de observar aqueles a quem, com seu ato, talvez tenha prejudicado e, pior que tudo, tem uma inexplicável sensação de estar "oco". A parte da aura ovóide, que geralmente contém o Corpo Denso, está vazia e, ainda que o Corpo de Desejos tenha tomado a forma do Corpo Denso descartado, ele se sente como uma concha vazia, pois o arquétipo criador do corpo persiste, por assim dizer, como um molde vazio na Região do Pensamento Concreto por tanto tempo quanto deveria viver o Corpo Denso. Quando uma pessoa morre de morte natural, mesmo no vigor da vida, a atividade do arquétipo cessa e o Corpo de Desejos por si mesmo se ajusta para ocupar toda a forma. Mas no caso do suicida, o horrível sentimento de "vazio" permanece até o tempo em que deveria ocorrer a morte natural.

Enquanto mantiver desejos relacionados com a vida terrestre o homem deve permanecer no seu Corpo de Desejos; como o progresso do indivíduo requer a passagem às regiões superiores, a existência no Mundo do Desejo deve ser forçosamente purgadora, tendendo a purificá-lo dos seus constrangedores desejos. O modo como isso se efetua pode ser bem compreendido através de alguns exemplos radicais.

O avarento que amava o seu ouro na vida terrena continua amando-o igualmente depois da morte, porém já não pode adquirir mais porque não tem Corpo Denso para tomá-lo e, pior que tudo, nem pode defender o que acumulou durante a vida. Irá, talvez, postar-se ao lado do cofre para vigiar seu amado ouro e os seus títulos; mas seus herdeiros surgirão e talvez com expansões de alegria falarão do "velho avarento e bobo" (a quem não vêem mas por quem são vistos e ouvidos), abrirão o cofre, e ainda que ele se atira sobre o ouro para protegê-lo, meterão suas mãos através dele, não sabendo nem se importando que ele esteja ali, e o gastarão, não obstante o sofrimento e a raiva impotente daquele que o juntou.

Ele sofrerá intensamente e os sofrimentos serão mais terríveis porque inteiramente mentais. O Corpo Denso atenua o sofrimento até certo ponto mas no Mundo do Desejo ele tem livre curso. O homem, pois, sofrerá até aprender que o ouro pode ser uma maldição. Conformando-se gradualmente com sua sorte, irá por fim libertar-se do Corpo de Desejos, quando então poderá prosseguir.

Consideremos o caso de um alcoólatra. Ele é tão aficionado aos intoxicantes depois da morte como antes. Não é o corpo denso que anseia beber. Este adoece em razão do álcool, de modo que preferiria passar sem ele. Pelas mais diversas maneiras pode até protestar, mas em vão: o corpo de desejos de um alcoólatra exigirá a bebida e obrigará o corpo denso a tomá-la para que, pelo aumento de vibração, o primeiro possa desfrutar sensações de prazer. Este desejo persiste depois da morte do corpo denso, mas o viciado já não dispõe de boca física para beber nem de estômago capaz de receber bebidas físicas. O alcoólatra pode, e assim o faz, entrar em bares e interpenetrar com o seu, o corpo de outros bebedores para aproveitar-se um pouco de suas vibrações, por indução. Isso, contudo, é demasiado fraco para poder satisfazê-lo. Pode também - e o faz muitas vezes - introduzir-se num tonel de aguardente, mas igualmente sem resultado, pois os vapores encontrados no barril não produzem o mesmo efeito daqueles que eram gerados nos seus órgãos digestivos. Encontra-se, pois, em circunstância idêntica â de um homem num barco no meio do oceano: «água, água por toda parte, porém nem sequer uma gota para beber"; conseqüentemente sofre intensamente. Com o tempo, aprende a inutilidade de ansiar pela bebida que não pode conseguir. Tal como sucede com muitos de nossos desejos na vida terrestre, no Mundo do Desejo todos os desejos morrem por falta de oportunidade para satisfazê-los. Assim, quanto ao bebedor, expurgado do seu hábito, está pronto para deixar o estado "purgatorial" e ascender ao mundo celeste.

Vemos assim que não há nenhuma deidade vingativa que tenha criado o purgatório ou inferno para nós, mas sim que fomos nós próprios que os criamos com nossos maus atos e hábitos. Da intensidade dos nossos desejos depende o tempo e o sofrimento necessários para a sua expurgação. No caso acima, o alcoólatra nada sofreria se perdesse seus bens materiais, pois se os tinha, a eles não se apegou. Quanto ao avaro, tampouco lhe causaria o menor sofrimento ver-se privado de bebidas alcoólicas. Pode-se até assegurar que não lhe importaria absolutamente se não existisse no mundo uma só gota de álcool. Mas ele preocupou-se, isto sim, com o seu ouro, e o alcoólatra com a bebida. Assim, a infalível lei dá a cada um, aquilo que necessita para purificar-se de seus maus desejos e hábitos.

Esta é a Lei que, simbolizada pela gadanha da segadora, a Morte, diz: "o que o homem semear, isto também colherá". E a lei de Causa e Efeito, que regula todas as coisas nos três Mundos e em cada reino da natureza - físico, moral e mental. Por toda parte atua inexoravelmente, ajustando todas as coisas e restabelecendo o equilíbrio, onde quer que o menor ato tenha produzido um distúrbio. O resultado dessa atuação da lei pode manifestar-se imediatamente ou tardar anos ou vidas inteiras, porém, algum dia e em algum lugar, far-se-á justiça e a equivalente retribuição. O estudante deve notar, de modo especial, que o trabalho da lei é inteiramente impessoal. No universo não existe nem recompensa, nem castigo. Tudo é resultado da lei invariável. A ação desta lei será elucidada completamente no próximo capítulo, onde a veremos associada a outra grande lei do Cosmos que também opera na evolução do homem. A lei que agora consideramos é a Lei de Conseqüência.

No Mundo do Desejo ela age purificando ou purgando o homem de seus desejos inferiores, corrigindo as debilidades e vícios que retardam o seu progresso, fazendo-o sofrer da maneira mais conveniente a esse propósito. Aquele que fez outros sofrerem ou que com eles se comportou injustamente, sofrerá de maneira idêntica. Deve-se notar porém, que se uma pessoa domina os seus vícios, ou arrepende-se e, tanto quanto possível, desfaz o mal causado a outrem, tais reforma, arrependimento e restituição purgam-no desses vícios e más ações. Porque assim o equilíbrio é restabelecido e a lição aprendida durante esta encarnação, não mais podendo isso, portanto, causar sofrimento depois da morte.

No Mundo do Desejo vive-se cerca de três vezes mais rapidamente do que no Mundo Físico. Um homem que tenha vivido cinqüenta anos no Mundo Físico, viveria os mesmos acontecimentos no Mundo do Desejo em uns dezesseis anos. Isto, naturalmente, generalizando. Há pessoas que permanecem no Mundo do Desejo muito mais tempo do que passaram na vida física. Outros, pelo contrário, que abandonam a vida com poucos desejos grosseiros, passam por esse mundo em tempo muito mais curto. Mas o tempo acima indicado é a média no que se refere ao homem dos nossos dias.

Recordemos que quando o homem deixa o Corpo Denso, ao morrer, sua vida passada se lhe apresenta como imagens, as quais nesse momento não produzem nele nenhum sentimento.

Durante a sua vida no Mundo do Desejo, as imagens também se desenrolam para trás, como antes, mas agora o homem tem todo o sentimento que lhe é possível ter, conforme as cenas se sucedem uma a uma diante dele. Cada incidente de sua vida passada é revivido, quando chega o ponto em que tenha ofendido alguém, ele mesmo sofre a dor que a pessoa injuriada sofreu. Vive todas as tristezas e sofrimentos que causou aos outros, e aprende quão dolorosa é a mágoa e quão duro é suportar a tristeza que causou. Além disso, fato já mencionado, o sofrimento nesse mundo é muito mais intenso porque ali o homem não tem corpo denso para atenuar a dor. Talvez por isso a duração da vida ali seja reduzida a um terço para que o sofrimento possa perder em duração o que ganha em intensidade. As medidas da Natureza são maravilhosamente justas e certas.

Há outra característica peculiar a essa fase da existência post-mortem, intimamente relacionada com o fato ( já referido ) de que a distância é quase nula no Mundo do Desejo. Quando um homem morre, parece-lhe crescer imensamente em seu corpo vital até adquirir proporções colossais. Essa sensação não se deve ao fato de que esse corpo cresça realmente. Na verdade ele não cresce. As faculdades de percepção é que recebem tantas impressões de várias fontes que tudo parece estar ao seu alcance. O mesmo acontece com o corpo de desejos. Parece ao homem estar presente ante todas as pessoas de suas relações na terra, e com as quais de algum modo tem uma dívida a corrigir. Se injuriou um homem em São Francisco e outro em Nova York, sentirá como se uma parte de si mesmo estivesse em cada uma dessas cidades. Isto produz-lhe uma estranha sensação de estar sendo dividido em pedaços.

O estudante pode agora compreender a importância do panorama da vida passada durante a existência purgatorial onde o mesmo se traduz em sentimentos definidos. Se ao morrer deixarem a pessoa tranqüila, sem perturbação, a completa, profunda e clara impressão do panorama gravado como resultado no Corpo de Desejos fará que a vida no Mundo do Desejo seja muito mais vivida e consciente, e que a purificação seja mais perfeita. A expressão de desespero e as lamentações doe que rodeiam o leito de morte, dentro do período de três dias e meio mencionado, só podem resultar em que o homem obtenha uma impressão vaga da vida passada. O espírito que tenha estampado uma gravação clara e profunda no seu corpo de desejos compreenderá os erros da vida passada muito mais clara e definidamente do que se as imagens gravadas resultarem indistintas, pelo fato de sua atenção ter sido desviada por lamentos e sofrimentos daqueles que o rodeavam. Os sentimentos relativos às coisas que causam sofrimento no Mundo do Desejo serão muito mais definidos se forem extraídos de uma impressão panorâmica bem distinta do que se a duração do processo fosse insuficiente.

Esse agudo e preciso sentimento será de valor imenso nas vidas futuras. Ele estampa no átomo-semente do Corpo de Desejos uma impressão indelével de si mesmo. As experiências serão esquecidas nas vidas futuras, mas o Sentimento subsistirá, de modo que quando novas oportunidades para repetir os erros das vidas passadas se apresentarem, este Sentimento falará com toda a clareza e de maneira inequívoca. Essa é "a pequenina voz silenciosa" que nos adverte, ainda que não saibamos por que, mas quanto mais claro e definido tenha sido o panorama das vidas passadas tanto mais amiúde, forte e claramente, ouviremos essa voz. Vemos assim quão importante é proporcionarmos ao espírito em transição um ambiente de absoluta quietude. Assim fazendo, ajudamo-lo a colher o máximo benefício da vida que terminou e a evitar a repetição dos mesmos erros em vidas futuras. Lamentações histéricas e egoístas podem privá-lo de grande parte do valor da vida que passou.

A missão do purgatório é erradicar os hábitos prejudiciais, tornando impossível sua gratificação. O indivíduo sofre exatamente o que fez sofrer aos outros, com suas desonestidade, crueldade, intolerância, ou, o que for. Em virtude desse sofrimento aprende a agir honesta, gentil e pacientemente com os demais no futuro. Assim, em razão da existência desse estado benéfico, o homem aprende a virtude e a reta ação. Quando renasce está livre de maus hábitos, ou pelo menos as más ações que venha a cometer serão frutos de sua livre vontade. A tendência a repetir o mal das vidas passadas subsiste, mas devemos aprender a agir com retidão, conscientemente, e por vontade própria. Tais tendências tentam-nos eventualmente, proporcionando-nos oportunidades de autodomínio e de inclinação para a virtude e a compaixão, opondo-nos â crueldade e ao vício. Mas para indicar a ação reta e ajudar-nos a resistir às ciladas e ardis da tentação, temos o sentimento resultante da purificação dos maus hábitos e da expiação dos maus atos das vidas passadas. Se ouvimos e atendemos sua voz e evitamos o mal que nos incita, a tentação cessa. Então nos libertamos dela para sempre. Se caímos, experimentamos um sofrimento mais agudo do que o anterior, porque o destino do transgressor é muito duro até que aprenda a viver pela regra de Ouro. Mesmo assim não temos ainda chegado ao fim. Fazer o bem aos demais esperando que eles no-lo retribuam é essencialmente egoísta. No devido tempo aprenderemos a fazer o bem sem considerar como estamos sendo tratados pelos outros. Como disse Cristo, devemos amar até os nossos inimigos.

Há um benefício inestimável em conhecer o método e o objetivo da purgação, pois assim poderemos nos antecipar e começar a viver nosso purgatório aqui e agora, dia a dia, avançando muito mais depressa dessa maneira. Na última parte desta obra é dado um exercício cujo objetivo é a purificação, como ajuda ao desenvolvimento da visão espiritual. Consiste em recordarmos os acontecimentos do dia ao nos recolhermos â noite. Contempla-se então os acontecimentos do dia em ordem inversa, fixando-os especialmente em seu aspecto moral, e considerando onde e quando se agiu com retidão ou erroneamente em cada caso particular por pensamentos, atos e hábitos. Julgando-nos assim dia após dia, esforçando-nos por corrigir erros e más ações, podemos praticamente diminuir, talvez até suprimir, a necessidade do purgatório, capacitando-nos passar diretamente ao primeiro céu depois da morte. Se dessa maneira sobrepomo-nos conscientemente às nossas debilidades, estamos também conseguindo um avanço material na escola da evolução. Ainda que fracassemos em corrigir nossas ações, fica-nos um enorme benefício em nos julgarmos. Esse auto-julgamento gera aspirações para o bem, que no devido tempo frutificar-se-ão seguramente em ações retas.

Revendo os acontecimentos do dia e censurando-nos pelo mal feito, não devemos esquecer a aprovação impessoal do bem praticado, determinando-nos a agir ainda melhor. Deste modo fortificamos o bem pela aprovação, assim como debilitamos o mal pela reprovação.

O arrependimento e a reforma são fatores poderosos para encurtar a existência no purgatório, pois a Natureza jamais despende esforços em processos inúteis. Quando compreendemos o erro de certos hábitos ou atos em nossa vida passada e nos determinamos a eliminá-los ou a desfazer o mal feito, expurgamos suas imagens da memória subconsciente, de modo que depois da morte já não estarão ali para julgar-nos. Ainda que não possamos dar compensação por um erro cometido, a sinceridade de nosso arrependimento bastará. A Natureza não visa desforra ou busca vingança. Pode ser dada à vítima uma recompensa em outra forma.

Muitos progressos ordinariamente reservados para vidas futuras serão conseguidos pelo homem que assim pega a oportunidade "pelos cabelos", julgando-se a si mesmo e eliminando os vícios pela reforma do seu caráter. Esta prática é encarecidamente recomendada. E talvez o ensinamento mais importante desta obra.

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