Delmar Domingos de Carvalho

Excertos do livro

Vegetarianismo, a solução para uma vida e um mundo melhor


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CAPÍTULO II 

HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO HUMANA  SEGUNDO AS CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES 
 
 

No paraíso terreno

não terá havido vinho,

como também

não terão havido sacrifícios de animais.

Muito menos se terá comido carne. 

São Basílio Magno (328-379)

 

S. Basílio Magno terá nascido na Capadócia, nessa maravilhosa região, que, actualmente, faz parte da Turquia. Está ligado à formação da Ordem monástica no Oriente, à Igreja Grega, cujas regras serviram de inspiração para São Bento criar a Ordem dos Beneditinos, esta, por sua vez, originalmente, ligada ao movimento rosacruciano. 


Breves Notas 
 
 

Se analisarmos, mesmo com alguma superficialidade, as grandes religiões, vemos que o vegetarianismo está mais ou menos contido em seus ensinamentos!

Debrucemo-nos sobre cada uma delas, conscientes que este trabalho é sobre o tema Vegetarianismo e não Ciências das Religiões, por isso, pouco serão desenvolvidos os diversos aspectos ligados ao Budismo até às outras religiões. Apenas, faremos uma excepção: o estudo da alimentação humana, por meio do texto bíblico, não por questões de superioridade, mas porque, em nossa opinião, se Buda se pode considerar como o Salvador da Ásia; Cristo é o Salvador do Mundo. 
 

 


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As Religiões são dadas pelos Deuses como meios de ajuda evolutiva. No começo surgem as chamadas religiões primitivas, mais ou menos mitológicas, cheias de mitos e símbolos, imagens, adaptadas ao nosso estado interior e ao ambiente exterior.

Como a Lei do Renascimento é uma realidade, a vida manifesta-se de forma cíclica espiralada, todos mais ou menos já as cultivámos. Se analisarmos, com profundidade, as actuais religiões, encontramos  mitos e símbolos.

Por isso, não devemos criticar as crenças mais ou menos primitivas, cultos que ainda existem em algumas tribos e etnias, como povos, mas ver o que encerram de faces da verdade, envoltas em lendas mais ou menos fantásticas, adaptadas à mente de cada pessoa.

Respeitemos as crenças de cada qual, sem superioridade ou inferioridade. 

Religiões Orientais 

Desde as Escrituras Védicas, ao Hinduísmo, ao Budismo, à filosofia teológica de Confúcio, como à doutrina de Lao-Tsé, mais tarde à Escola Ioga e à Zen, há alguma continuidade, embora com as necessárias mutações evolutivas.

Em todas há mensagens de amor aos animais, de harmonia com a Natureza, como a crença da reencarnação, por vezes, misturada com a errónea tradução e interpretação do texto Katha-Upanishade, devidamente explicada por Max Heindel, na sua obra O Conceito do Cosmo, …alguns seres humanos por motivo das suas dívidas, acções negativas, vão à matriz, renascendo e outros ao Sthanu. Esta palavra significa imóvel, como uma coluna.

Esta significação tem conduzido a que tenham interpretado que esse estado seria retrogradar ao estado imóvel. Ora, o que estas doutrinas ensinam, como Buda, Escola de Zen, etc, é que após a libertação dos ciclos de renascimentos, esses seres humanos estarão no estado de nirvana, ou seja estão num estado de perfeição em que há uma unidade com a Vida Una e Única, a Paz Universal.

Para alcançar este estado é preciso a purificação da mente e do corpo o que exige uma alimentação naturista, e, num estado mais avançado, apenas o alimento etéreo.

Como se sabe, todas estas religiões como outras orientais, incluindo a do Alcorão, encerram muitos pontos de vista doutrinais, alguns algo metafóricos, outros mais ou menos com reminiscências antigas, contudo o que importa realçar, no caso deste trabalho, são os ensinamentos sobre a alimentação. 

 


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No campo alimentar, especialmente, entre os budistas, o vegetarianismo é aconselhado, embora possam ingerir pequenas quantidades de carne ou peixe.

Contudo, Buda, sabendo dos perigos do ambiente dos locais onde se abatem os animais, aconselhou os seus monges a não tomarem parte nesses actos nem a frequentar essas zonas!

Face às alterações em países como a China, Japão e Índia, o sistema alimentar engloba cada vez mais o consumo de peixe e de carne. Actualmente, devido às mutações profundas tecnológicas, científicas, socioeconómicas, os povos orientais estão usando a carne em maior quantidade. Trata-se de um passo evolutivo que vai trazer nefastos efeitos no meio ambiente e na saúde destes povos e de todos os que habitam este planeta. Isso vai exigir maior purificação, corpos mais adaptados à futura Terra.

O egoísmo, o materialismo, a ânsia pelos bens materiais estão substituindo o budismo e outras doutrinas, mais ou menos defensoras do meio ambiente, por instituições ligadas ao espírito de competição, desenfreado, altamente opressivo sob a capa de um falso bem-estar material.

Também, no Alcorão, encontramos alguns conselhos para respeitar a vida dos animais como o meio ambiente, embora admita que os seus crentes possam comer alguma espécie de carne, mas não são incentivados nesse sentido. 
 

A Bíblia, Antigo e Novo Testamento 

Comecemos pelo Antigo Testamento.

Por meio do seu estudo podemos analisar a evolução alimentar do ser humano, que, em parte, até coincide com a ciência materialista.

Assim, em Génesis, Capítulo 1, Versículo 29, o qual se refere à criação da forma, por isso, a humana surge no final: 

Eis que vos dou todas as ervas com semente que existem à superfície da Terra, e bem assim todas as árvores de fruto com semente, para que vos sirvam de alimento. 

Está mais que claro que nessa Época a nossa alimentação era frugívora. 
 
 


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Tal passagem refere-se ainda à criação do primeiro homem e da primeira mulher, ou mais precisamente à separação da célula, erradamente traduzida por costela, na sua parte masculina e na sua parte feminina. Antes, o ser humano era hermafrodita.

De acordo com a Escola Rosacruz esta separação deu-se em meados da Época Lemúrica.

Isto sucedeu durante um longo período, antes da Época Atlante que como já afirmámos teve oito milhões de anos.

Por outras palavras o texto bíblico estará referindo-se à alimentação humana das primitivas formas usadas há mais de 10 milhões de anos em que nos alimentávamos de sementes e de frutos, éramos vegetarianos.

Nessa Época, aconteceu a chamada queda, isto é, descemos com consciência, ao mundo físico e o parto passou a ser com dor, pois falta a pureza nesse acto criador.

Estávamos no quinto dia da criação.

No Capítulo 3, ao referir-se ao castigo sobre a humanidade, surge uma pequena alteração no campo alimentar: comerás a erva dos campos. Contudo mantivemos ainda o regímen vegetariano.

Na quarta Época, o leite foi acrescentado à alimentação, simbolizado em Abel que era pastor; contudo, nada existe que nos informe que matássemos animais.

Como este texto, embora maravilhoso, pleno de dados das mais diversas áreas, não está completo, nem segue uma ordem totalmente cronológica, vemos, assim, no Capítulo 10, versículo 9, Ninrode, ou Nimrod, como um valente caçador. Este simboliza o ser humano da Época Atlante em que a carne foi introduzida na alimentação.

Face ao exposto vemos alguma concordância com os progressos da ciência materialista, ou seja, estamos no período dos australopithecus, embora ainda vegetarianos, mas vivendo com o homo habilis, que começou a ingerir carne, como caçador valente, um Nimrod, isto, de acordo com esta ciência, há dois milhões de anos. Com ele, temos o homo erectus, há um milhão e quinhentos mil anos.

Estamos ainda na Época Atlante.

Após o dilúvio, ou mais precisamente, depois de diversos dilúvios, eis Noé, símbolo do ser humano que venceu todas as mutações para uma nova terra mais etérea em que eram necessários pulmões para nela viver, em vez de uma espécie de guelras, usadas pelo homem atlante, como já afirmámos. 
 


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O consumo de carne vai aumentar, assim nos informa o Capítulo 9, versículos 1 a 5. Só que esse consumo encerra em si um aumento das nossas dívidas: Ficai sabendo que pedirei contas do vosso sangue a todos os animais.

Ao consumo da carne é ainda acrescentado o uso da bebida alcoólica.

Noé, que era agricultor…plantou a primeira vinha. Experimentou beber vinho e embebedou-se. (Génesis, Capítulo 9, Versículos 20 e 21)

A queda no Mundo Físico foi mais profunda; tanto a carne como o vinho são meios perturbadores do desenvolvimento espiritual, daí os seres mais evoluídos terem seguido o regímen vegetariano não só entre os Hebreus, como entre os Gregos, etc, nas Escolas de Iniciação, como veremos no próximo Capítulo.

Em Números, Capítulo 11, observamos que o uso e o abuso da carne originaram a morte a todo o povo que a desejou, em sua gula; eis o efeito de um desejo desordenado como consta neste texto.

Com Moisés o regímen alimentar passou a ter algumas restrições no consumo da carne, não devendo consumir-se a dos animais impuros, apenas podiam ser consumidos os animais com unha fendida e o casco dividido e que rumine, como só alguns peixes e aves. (Deuteronómio, Capítulo 14, versículos 3 a 21)

Por sua vez, em Provérbios, (Capítulo 12, versículo 10) surge-nos esta mensagem: O justo respeita a vida dos seus animais. Há outras versões que são algo confusas. Esta é clara e está em sintonia com o Amor, a grande Lei Universal.

Contudo, entre os profetas e outros seres humanos que seguiam o caminho mais curto para a libertação, o regímen vegetariano fazia parte da sua libertação.

Esta constatação vê-se no profeta Ezequiel, (Capítulo 4, Versículo 14) ao afirmar que estava seguindo, com rigor, as prescrições dadas a Moisés; mas é o profeta Daniel quem melhor nos esclarece, no relato na corte do rei da Babilónia, em que pediu para comer e beber só legumes e água, nada de carnes ou peixes nem bebidas alcoólicas.

No final, estavam mais bem nutridos e tinham melhor rosto que os que comiam todas as iguarias reais. (Capítulo 1, versículos 8 a 16) 

Novo Testamento 

Cristo ao aconselhar os seus discípulos para onde irdes, comei do que vos derem, subtilmente está comunicando que, embora seguissem uma alimentação muito própria, pois jamais deviam levantar problemas em casa de outras pessoas que não usavam o regímen vegetariano.


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Lembramos que os Essénios e os Nazarenos, a que Jesus esteve ligado e em cujo seio viveu até aos 30 anos, seguiam esta filosofia de vida.

Poder-se-á perguntar: Então alguns discípulos não eram pescadores? Como interpretar o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes? O que comeram e beberam na Sagrada Ceia?

Bem, os discípulos eram pescadores de seres humanos, ou melhor tinham como missão ajudarem aqueles seres humanos que estavam em condições de seguir Cristo. Ele mesmo disse que era essa a função dos Seus seguidores. Como sabemos, nos primitivos cristãos, o peixe era um dos símbolos. Por outro lado, devido ao movimento de precessão da Terra iríamos receber as influências da Constelação de Piscis, Peixe, daí, em alguns dias só ser permitido comer peixe.

Em várias passagens do Antigo Testamento surge Josué, filho de Nun, Êxodo, Capítulo 33, versículo 11; como no Primeiro Livro das Crónicas, Capítulo 7, versículo 27, etc.

Josué é o nome Jesus, em hebraico; Nun significa Peixe.

Mais uma vez se observa que o texto bíblico é um manancial de Luz encoberto por símbolos, alegorias e parábolas.

Quanto ao milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, no final, encheram 12 cestos. Estamos perante mais um rico simbolismo, no caso, referindo-se às 12 Constelações do Zodíaco, às 12 Casas do Horóscopo em que cada qual tem o dever de cultivar o pão anímico para o crescimento espiritual, seguindo Cristo em obras.

Por meio do serviço amoroso se multiplicam os pães, as obras, os poderes anímicos e os peixes, os cristãos. (S. João, Capítulo 6)

Sobre a Sagrada Ceia, está escrito, tanto no Evangelho de S. Lucas, Capítulo 22, como em S. Mateus, Capítulo 26, e, em S. Marcos, Capítulo 14, é que Cristo não beberia do produto da videira. Em nenhum lado é referido o vinho.

A bebida usada foi o sumo de uva não fermentado. Assim, estavam cumprindo o voto de nazareno, de essénio: não era permitido beber vinho nem qualquer bebida que embriague.

No trabalho, O Vinho, factor de evolução, com o pseudónimo de Cruzrosa, focámos este tema com algum desenvolvimento.

Por tudo isso, S. Paulo ensinou: O que é bom é não comer carne, nem beber vinho… (Carta aos Romanos, Capítulo 14, versículo, 21) Mas, acrescentou, e bem, em nossa opinião, contudo, o pior é o que sai da boca.

Se cada um de nós ponderasse melhor o que pensa, o que diz e escreve, o mundo estava muito melhor.

Urge cultivar uma mente pura e positiva; sentimentos elevados, para bem de toda a Humanidade. 
 

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