LIX

PÉTALA XII

 

PROBLEMAS SOCIAIS

 

“ Um Poder cósmico domina os seres humanos

e os impulsiona para um novo sistema de segurança social,

mais harmonioso e justo; para isso o capital terá de ser dignificado.”

 

Francisco Marques Rodrigues

 

            Nos últimos tempos, as investigações dos problemas e fenómenos sociais têm sido valorizados e intensificados desde a comunidade científica às empresas, às associações culturais, humanitárias, cívicas e outras.

            Como é consabido, a análise sociológica tem um vasto campo de análise desde as crenças religiosas, às origens dos idiomas; à toponímia; aos usos e costumes; até à organização associativa nos vários campos de actividades desde as socioeconómicas até às culturais, no seu sentido mais lato e amplo, que engloba a própria terapia social, familiar, a socioterapia, às relações entre grupos diferentes, procurando descobrir soluções para os problemas das sociedades, incluindo a segurança.

            Nesta pétala, abordaremos somente algumas faces e questões.

            Em nosso ver, nesta tarefa, ainda temos de tomar em consideração, entre muitos pontos, a existência de miríades de pessoas que vivem sob o espírito étnico, tribal, e outros, mais ou menos separatistas. Isso nos conduz ao ponto de vista que, na busca de soluções para muitos problemas mais ou menos graves, há  que saber usar a diplomacia com espírito altruísta, tolerante, conscientes que jamais podemos obrigar os outros a viverem de acordo com as nossas concepções, as nossas organizações, seja com o modelo A ou Z e assim por diante. Há que reconhecer a especificidade de cada qual e de cada grupo social, étnico, religioso, etc, fomentando os pontos em que mais facilmente se poderão estabelecer positivos intercâmbios culturais e outros, libertadores.

            Entre os problemas que nos afligem, recordemos o maior de todos a ignorância, (uma tarefa para todos nós), a fome, a droga, a prostituição, o emprego, a habitação, as crianças e os idosos abandonados; a marginalização, o racismo, o terrorismo.

            E quais serão as melhores soluções? Sejam elas quais forem de acordo com a situação de cada uma, como regra geral e imprescindível, somente se melhorará se elevarmos o nosso nível de Altruísmo, o nosso, o geral. De novo, a principal questão reside em nós. Por isso, conhece-te a ti mesmo e sabe regenerar-te.

            Face ao egoísmo, ao materialismo e ao orgulho que dominam, a sabedoria popular oferece-nos várias pistas: “ O Amor é como a Lua; se não cresce, mingua.”; o que nos indica que urge saber dar alimento anímico diariamente. Ora esse Amor nada tem a ver com a caridadezinha, nem com formas mais ou menos hipócritas e de exibicionismos das oferendas. Esse Amor dá sem nada esperar e sem menosprezar; esse amor ajuda sem esperar algo, nem um obrigado; não para agradar seja a quem for, pois, como diz, de novo a sabedoria popular: “ A arte de agradar é a arte de enganar”.

 

LX

 

            Como deverão ser as nossas actividades filantrópicas para com as pessoas e os povos mais necessitados? No fundo já se focou a resposta; todavia, lembremos outros provérbios que a complementa. Assim, um deles lembra-nos que: “ A amar e a rezar, ninguém se pode obrigar.” Que grande mensagem que, se a tivéssemos seguido e a seguíssemos, não existiriam alguns dos problemas que nos afligem. Pais, educadores, teólogos, e assim por diante, meditem neste provérbio de grande sabedoria.

            A melhor forma de contribuirmos para a regeneração dos outros é seguir outros ditados: “ Bem-fazer, nunca se perde.” e “ Quem queira emendar o Mundo, tem de primeiro emendar-se a si mesmo.”. Na realidade, o melhor sermão é o exemplo; o resto...

            Vários países asiáticos, com enorme densidade populacional, têm sido “ajudados” por interesses egoístas, pelo chamado neoliberalismo económico; e a China, especialmente, os tem sabido aproveitar. Quais são os efeitos socioeconómicos desta dinâmica? Não irão contribuir para a queda rápida de todo o sistema económico globalizado? Quantos problemas não estão sendo criados devido ao enorme êxodo das populações dos meios rurais para os grandes centros urbanos? Poluição e mais poluição, com péssima qualidade de vida, apenas sob o pseudo bem-estar  material...que a continuar, poderá ocasionar uma enorme catástrofe ambiental e social. E cuidado, o que surgirá deste casamento entre um poder maoísta e um sistema económico neoliberalista? A continuar este sistema como ficarão os E.U.A., a U.E. e assim por diante? Que consequências poderão advir desta perigosa dinâmica? Uma China armada e não só o que poderá gerar ?

            Com efeito, necessitamos de profundas mudanças nas mentalidades e nas acções, sintonizadas com as Leis Divinas, ou Cósmicas, senão...

            Se não nos aperfeiçoarmos a nós mesmos, se continuarmos a transgredir as Leis da Natureza, os efeitos serão devastadores.

            A ignorância só se vence com a educação e a instrução, unidas como o fogo e o ar, baseadas numa actividade altruísta e numa mente aberta, livre de preconceitos e de dogmas. Esse altruísmo actua mais e fala menos; faz o que deve e não o que quer; cumpre, em vez de prometer; faz bem a quem lhe faz mal; ouve os sábios conselhos e segue-os; nada proíbe, pois, da proibição, nasce a tentação.

            Por isso, temos muito de mudar. Mãos à obra, não esperando para amanhã o que podemos fazer hoje. Só que andamos demasiado preocupados com os nossos pequenos problemas, com os nossos interesses egoístas ou de grupo. Ora temos de olhar mais para o vizinho do lado, para o próximo, e saber trabalhar em grupo para bem de todos.

            E isso exige ainda mudanças nas estruturas dos países e das organizações supranacionais, como as da ONU, designadamente as que estão ligadas a estas áreas desde a OIT à OMC, à UNICEF, ao FMI, etc. E no caso das ONGS?

            Há fome, e todavia, apesar de vários planos para acabar com este flagelo, ele tem aumentado! Podemos produzir mais e melhor, isto é, respeitando as Leis da Natureza, senão passamos a poluir e a despoluir!!! Podemos e devemos distribuir de forma mais justa, e jamais destruir produtos alimentares. Isto é um crime contra a Humanidade.

            Precisamos de saber poupar, base elementar da economia, de acordo com as Leis Cósmicas, até porque: “ Quem não poupa a água e a lenha, não poupa nada que tenha”.

            Ora, o que temos feito? Há sede e vai haver muito mais, se continuarmos por este caminho, anti-natura? Os lençóis de água como estão? Veja-se a China e não só? Como vai o aumento das áreas desertificadas e o degelo nos pólos?  Que consequências sociais advirão destas realidades naturais?  

 

LXI

 

            Os desastres ecológicos como o do Prestige e outros redundam em problemas sociais, incluindo de saúde pública.

            Logo, urge renovar profundamente as fontes energéticas e melhorar os transportes e vias de comunicação.

            Há problemas de prostituição, sempre os houve, diga-se de passagem, como outros, a solução está em criar mais e melhores empregos sob uma óptica de humanismo cristão, em que a finalidade é o bem-estar comum.

            Há grupos de “gangs” e outras formas mais graves de terrorismo, algumas tentaculares, as quais, segundo elementos publicados nos órgãos de comunicação social, rondam a cifra de 40.

            Como vencer estes grupos perigosos?

            Se pensarmos nos elevados ideais de Cristo, se os seguíssemos em obras, tudo estaria resolvido. O problema é que já lá vão dois mil anos e estamos como estamos!!!

Só que, embora, nos pareça que não, todavia, cada vez mais nos aproximamos do Seu Reino, a Fraternidade Universal; por outro lado, dada a forma como alguns seres humanos estão procedendo, o mais provável é perderem o comboio evolutivo.

            Deixemos de julgamentos, e vamos ao que, em nosso ver, se poderá solucionar.

            Tudo passa por uma melhor formação de carácter de cada qual, mas para isso é preciso que cada um de nós o deseje e consiga a necessária renovação. Aqui é que está o grande problema...Como lidar com essas pessoas, cheias de ódios e vinganças, de fanatismos exacerbados? Sabemos que o melhor sermão é o nosso exemplo. Nesse caso, o que fazer?

            Face ao estado actual, não se deverá apostar muito mais na prevenção, por meio das forças policiais a um nível mundial, sob a administração da ONU? E ao mesmo tempo, não se deverá renovar todas as áreas da Flor da Esperança, para que, definitivamente, se resolva este flagelo, fonte de insegurança e não só?

            É evidente que com fanáticos e fundamentalistas ir com flores e boas palavras o que aconteceria? Mas, a vingança gera vingança; este é que não será o melhor caminho; antes, aumenta os problemas.

            Estamos perante uma questão que, no fundo, ela não estará ligada a todo um passado, mais ou menos longínquo, agravado no presente, devido a vários factores, focados em cada uma das pétalas deste trabalho e não devidamente resolvidos? Sendo assim qual será o melhor caminho para se vencer globalmente e irmos às raízes a fim de definitivamente ele ser vencido?

            Voltamos à formação de carácter. Foi uma disciplina que entendemos que devia ser criada e administrada em todos os graus do ensino. Esse trabalho apresentámo-lo, em 1982, no VII Encontro Nacional das Associações de Pais, em representação da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Preparatória do Bombarral, de que fomos um dos fundadores. O Tema foi:” Responsabilidade dos Educadores e das Suas Organizações no futuro dos Jovens”. Nele entendemos que devia ser criada essa disciplina, face ao estado social que se começava a viver, especialmente nos grandes centros populacionais, a qual devia ser administrada o mais cedo possível e que fosse ao fundo dos problemas que residem em cada qual: conhece-te melhor e aprende a regenerar-te. Propusemos o curso, mais um, porque não, a criar na Faculdade de Ciências de Educação, a que lhes foi dado outro nome, onde os futuros docentes aprenderiam desde psicologia, antropologia, sociologia, nutricionismo, grafologia, música, artes audiovisuais, higiene, pedagogia, numa visão panzoísta e pansófica,  paracomeniana, em que, ao lado do desenvolvimento da inteligência, tivesse sempre e até à frente a formação do carácter de cada aluno, a fim de que aquela não viesse a ser mal usada, como, cada vez mais, está sucedendo...

 

LXII

 

.Acabou, por ser criada, após várias alterações, a Formação Cívica, que, em nosso ver, não é o suficiente, e continuamos sem os professores habilitados para essa específica função. Note-se que estes professores não poderiam ser considerados como os melhores, todos têm a sua importante missão e todos devem ter uma conduta que sirva de exemplo e estimulo aos alunos.

            Nesse trabalho focava-se, além da reinserção social, como a necessidade de educação permanente, a que podemos juntar a socioterapia, aliás, uma parte da sociologia, em nosso ver, como a dançoterapia de grupo, cada vez mais usada para a recuperação das pessoas, faz parte da música, no seu sentido mais lato.

            Mais de vinte anos passados, como estamos? Necessitamos cada vez mais de formação de carácter ou não? E como carácter é destino, o que fazer?

            Outro problema reside nas formas como se tratam as pessoas. Há muitos direitos nos papéis, mas na prática...? Todos os seres humanos devem ser tratados com dignidade, com justiça, não é, num determinado país, uns trabalhadores serem pagos por X, só porque são naturais desse país e os outros que até são também membros da EU lhes pagam muito menos. Isto é marginalização ou pior ainda. Só que há muitas formas de marginalização desde as culturais, às relacionadas com a cor da pele, com as minorias étnicas ou religiosas e assim por diante, como ainda perante os seres humanos com mais problemas de limitações sejam mentais ou motoras. Algo se tem já feito, mas muito mais temos de fazer desde melhorar todos os acessos, ao emprego, ao ensino e aqui já Coménio, no século XVII os defendeu, como nos meios de diagnóstico precoce e nos meios tecnológicos e outros para uma melhor integração social. Também os problemas com as mulheres grávidas tal como com as mães solteiras nos devem merecer a maior das atenções, por tudo e porque estão cumprindo uma função elevada e de grande valor: ser mãe. Marginalizá-las é um atentado a toda a Humanidade.

            Assim, criaremos uma melhor ordem social, e a seu tempo, muitos problemas mais graves terão mais fácil solução e a segurança real será um facto.

            Tentar globalizar os hábitos culturais desde os alimentares aos de vestuário é outra fonte de problemas. Urge preservar a memória de cada qual, respeitar a língua de cada povo; a diversidade é fonte de riqueza cultural.

            Voltando ao flagelo da droga, onde ao quadro do enorme sofrimento das vítimas, se junta o das famílias, como todo o mundo sabe, tem graves repercussões  na sociedade.

            É certo que o consumo das drogas já vem da pré-história, só que elas eram usadas para fins “curativos”e religiosos.

            Todavia, estamos em pleno século XXI, começa a ser tempo de aprendermos a libertar-nos de todas elas, sejam quais forem; e o melhor meio reside no Amor.

            Estamos numa fase de separatismos nas famílias, os divórcios sucedem-se. Paracelso, no século XVI, focou que: ”Quando existe perfeita harmonia fisiológica e anatómica entre o homem e a mulher não existirá adultério”.

            Embora as actuais condições sociais estejam cheias de sérios problemas e apontam para enormes mutações; todavia encaremos as provas com a esperança de que acabarão por se transformarem em lições que nos enriquecerão espiritualmente.

 

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            Coménio ao analisar as questões sócio-educativas, reconheceu que os métodos educativos deviam encerrar a teoria e a prática em uníssono e em estreita conexão com a vida socioeconómica, com as coisas públicas e as instituições de modo a melhorar as relações humanas. Está mais que actual!

            Alimentemos os bons sonhos da criação de um Mundo melhor, em que cada qual tenha o pão de cada dia, com habitação condigna, emprego, liberto das drogas, de marginalizações e, em plena segurança, se estabeleçam laços fraternos, de intercâmbios culturais libertadores. E, aqui, a emigração e a imigração não encerram valiosas lições para a construção da Cosmocracia?

 

 

EXCERTOS DO LIVRO "A FLOR DA ESPERANÇA", DE DELMAR DOMINGOS DE CARVALHO, Edição Hugin, Lisboa

Temas Rosacruzes

Diretório do Prof. Delmar Domingos de Carvalho

A Flor da Esperança : Capa, Introdução e Pétala I

A Flor da Esperança: Pétala III

A Flor da Esperança: Pétala X

A Flor da Esperança: Pétala XII

A Flor da Esperança: Pétala XVII

A Flor da Esperança: Pétala XXIII

A Flor da Esperança: Pétala XXX

 

 

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